sábado, 2 de setembro de 2017

A misteriosa Ordem Das Sombras - Parte 5


E ae galera, depois de um longo hiato voltei com a historia
Peço perdão para a galera que estava acompanhando a historia e de uma hora para a outra eu deixei de postar.
Nesse longo período passei por diversas situações pessoais e isso acabou atrasando o projeto.
Espero agora voltar a escrever com mais frequência e finalmente terminar a historia.
Para aqueles que não leram ainda, o livro conta a historia de Adrian Schmitter, um ex detetive da policia que teve sua vida totalmente destruída devido a um acidente do passado, após alguns anos o acontecimento na cidade maldita ele salva uma garota chamada Samantha, que agora é a sua parceira na investigação de casos que envolvam o sobrenatural.
Tudo começa quando seu antigo parceiro dos tempos de policia o chama para investigar um caso de homicido um tanto curioso.
Adrian e Samantha começam a investigar o estranho caso, mal eles imaginavam que tudo aquilo os levaria para um mundo paralelo onde o seus maiores pesadelos poderiam se tornar realidade.
Abaixo vocês podem conferir o link para o download do arquivo em PDF.
Nesse arquivo vocês encontraram toda a historia até a parte que estou postando aqui.


E para aqueles que já estavam acompanhando a historia, uma boa leitura a todos, espero que gostem e não deixem de mandar suas sugestões.

Até a próxima.








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“A cura que faz adoecer”










Capitulo 15

O segredo


    Já tinham se passado cerca de uma hora que o quarteto havia saído da casa da família Micheels, o sol já entregava sinais de que não daria trégua para o grupo, por um momento Gregory se arrepende de não ter aceitado a carona oferecida pelo velho até o centro da cidade – Não posso coloca-los em perigo – Pensa consigo mesmo.
    O pouco tempo de descanso estava visível em seus rostos abatidos, um clima estranho ainda pairava no ar, o episódio da noite passada com certeza havia deixado uma marca em Lilian da qual ela nunca iria conseguir apagar, o desespero a dor, tudo aquilo nunca iria sair da sua memória.
    - Então Samantha já tem ideia do que vamos precisar? – Pergunta o detetive tentando amenizar o clima enquanto caminham.
    - Não temos certeza com o que estamos lidando, esses tipos de demônios não são citados nos livros, geralmente demônios são apenas, sei lá, demônios – respiração profunda – certa vez em um livro sobre espíritos vi uma espécie de “receita” capaz de acabar com esses malditos, os ingredientes não são muito comuns mas acho que vamos conseguir achar na cidade.
    - Seja o que for vamos encontrar – Diz Gregory determinado.
    Lilian permanece quieta, sua cabeça ainda está distante de qualquer outra coisa que não seja aquela noite maldita.
    Alguns minutos depois o grupo chega no centro da cidade, toda aquela agitação de uma manhã comum, pessoas que não imaginam o que pode estar esperando por eles na próxima esquina.
    - Bom nos separamos aqui então – Diz Adrian – Trate de cuidar bem da minha menina!
    - Eu vou cuidar – Responde com um meio sorriso no rosto o jovem rapaz.
    - Temos o celular para nos comunicarmos, então qualquer surpresa não podemos hesitar em ligar – O detetive diz mostrando seu telefone – Quando tivermos tudo em mãos nos encontramos nesse mesmo lugar.
    - Fechado. – confirma a menina de cabelos negros.
    As duplas agora caminham por direções distintas, enquanto Adrian e Lilian seguem em direção ao enorme prédio do banco central, Samantha e Gregory partem para a área comercial da cidade.
    O detetive não deixar de notar a expressão da jovem de cabelos dourados.
    - Olha garota, eu sei que você passou por momentos difíceis e coisas ruins estão acontecendo a todo momento, mas acredite em mim, você precisa levantar a cabeça e seguir em frente se quiser dar um fim a tudo isso.
    - O que você entende, eu perdi meu pai e tem um monte de demônios atrás de mim, querem acabar com a minha família – Responde ela em tom de desabafo.
    - Acredite em mim, eu sei como é perder a família, a única coisa que me resta agora é aquela garota que está com seu amigo fortão lá, e se algo acontecer a ela eu não faço a menor ideia do que aconteceria comigo, eu entendo muito bem a sua dor.
    Lilian fica parada por um momento, ao perceber que a garota já não o acompanha ele se vira para trás, lagrimas estão caindo do rosto da jovem, ela corre em direção ao detetive e lhe dá um abraço:
    - Eu não tenho mais ninguém, estou com tanto medo – diz ela enquanto soluça.
    - Você tem a gente, vai dar tudo certo, vamos fazer de tudo para acabar com isso, só prometa que vai tentar ser o mais forte possível.
    Lilian apenas balança a cabeça com um gesto de confirmação, logo os dois reparam que estavam atraindo muitos olhares curiosos e aquilo não era nada bom:
    - Vamos, estamos próximo ao banco – Diz ela.
    O prédio de pelo menos trinta andares com as suas janelas totalmente escuras ficava na rua principal da cidade, a fachada toda feita em granito dava um tom de superioridade ao lugar, com toda certeza as pessoas que guardavam seus bens mais preciosos naquele local eram cheias da grana, a fortaleza no meio da cidade era completamente blindada e apesar de sua entrada principal ser coberta de vidros, não era possível ver nada do que acontecia lá dentro:
    - Bom, hora de entrar e ver o que seu pai tanto guardou para você.
    Em frente a grande porta de vidro estavam dois armários em forma de gente, os seguranças fazem o detetive lembrar do monstrengo que tiveram a infelicidade de encontrar alguns dias atrás, passando pela porta finalmente a dupla consegue entender a grandiosidade daquele lugar, o silencio e o ar condicionado ligado em uma temperatura muito baixa fazem os pelos do braço do detetive arrepiar, todos no lugar estão muito bem trajados com seus caríssimos ternos e vestidos de grife, todos que cruzam com ele e a garota lançam um olhar torto, suas roupas não eram adequadas para o lugar e todos faziam questão de expressarem isso com seus olhares:
    - No que posso ajudar os senhores – Pergunta uma jovem com o cabelo preso em formato de coque, seus cabelos pareciam estar sendo tão maltratados com aquele penteado que davam a impressão de que a qualquer momento iam se desprender da cabeça da jovem a deixando careca, sua voz era de um tom irritante e seu olha costumeiramente de desprezo.
    Lilian franze a testa, seu olhar de desconfiança logo dá lugar a um raro sorriso:
    - Beatriz – Diz ela correndo para abraçar a atendente.
    - Não acredito que é você Lilian – Um abraço.
    O detetive imagina que finalmente tiveram um pouco de sorte, se elas se conheciam talvez não haveria grandes problemas em conseguir acesso aos pertences de David, enquanto Lilian conta toda a história a sua amiga que parece demonstrar preocupação o detetive vislumbra o lugar, seus grandes pilares e aquele chão com um carpete tão macio que por algum momento o fez pensar que ia afundar nele como se estivesse pisando em uma área movediça, o tom acinzentado do banco vez o outra dava lugar a algumas obras de arte, com certeza todas elas muito mais caras que seu apartamento.
    Após alguns minutos de conversa, Lilian chama o detetive:
    - Beatriz é uma amiga da família, fazia um bom tempo que não havia, eu expliquei a situação para ela.
    - Toda? – questiona ele.
    - Bom o essencial, ela vai conseguir nos liberar acesso ao cofre do papai.
    - Pelo menos tivemos sorte dessa vez, espero que Samantha também consiga ter achado as coisas que estava procurando – O detetive da nos ombros.
    Acompanhando a mulher de cabelos torturados eles se preparam para entrar em um elevador, logo isso o faz lembrar que da última vez que entrou em um desses as coisas não se saíram muito bem, fobia voltando, não mesmo, era apenas uma pontada de mal pressentimento.







                                                                                      
    A julgar pelo tempo que o elevador levava para chegar até o andar onde se encontravam as coisas de David o detetive teve a convicção da imponência que aquele prédio tinha, provavelmente as coisas do falecido medico estavam no último andar, e com toda certeza a subida era bem extensa, enquanto isso as duas amigas conversavam certas futilidades, era engraçado ver como Lilian tentava agir como se tudo estivesse normal, apesar do fato de seu pai não estar mais presente, uma sensação de que ela estava tentando passar um ar de tranquilidade, coisa que com toda certeza não havia na vida deles a alguns dias, o elevador finalmente para:
    - Pronto chegamos querida – Diz Beatriz.
    Caminhando por um extenso corredor todo acabado em marfim que lembrava mais uma mansão do que um banco, no teto uma fileira de luzes suaves e o cheiro do carpete por algum motivo fazem os nervos do detetive se acalmar, logo eles chegam a uma porta revestida de puro metal, Adrian ao ver aquilo logo pensa que se não fosse a sorte de terem encontrado aquela moça com certeza nunca conseguiriam entrar no prédio de outra forma.
    Beatriz passa o cartão com sua identificação em um pequeno painel que dava lugar a maçaneta da porta, um click, logo em seguida a porta se abre de forma automática, um vento gelado sopra na direção do grupo – Fiquem a vontade – diz a atendente entregando uma chave para Lilian com o número 342 em seu chaveiro – Estarei esperando aqui fora – Adrian dá um sorriso forçado e a dupla passa por entre a porta, diferente do que tinham visto até então a sala em questão era repleta de pequenos armários, suas paredes eram de um prata reluzente, cada pequeno armário continha um número em sua porta, centenas delas, na parte central da grande sala uma mesa revestida de uma material gelado é a única mobília que difere no lugar.
    Ambos procuram pelo número correspondente na chave, estavam chegando perto, incrivelmente perto de descobrir finalmente o que poderia ser a razão de toda aquela loucura, o que diabos David havia feito para chamar atenção de demônios:
    - Achei – Diz Lilian apontado para um armário que se encontrava no canto esquerdo da sala, sua voz ecoa.
    Logo ficam em frente ao armário, ao colocar a chave nenhuma resistência, ao abrirem se depara com uma grande caixa preta.
    Colocando a caixa em cima da mesa gelada a jovem e o detetive ficam por um momento em silencio apreciando a caixa, com um acabamento fosco e de uma cor vermelho escura, tinha um aspecto totalmente sombrio como era de se esperar, Lilian coloca suas mão sobre um pequeno fecho que se encontrava na parte central e tenta empurra-lo pra cima na tentativa abri-la:
    - Trancada! – Ela suspira.
    O detetive se aproxima e passa a mão em volta da caixa, seus dedos sentem um relevo na outra extremidade próximo a parte superior do fecho, continuando tateando agora na parte de baixo ele encontra mais dois pequenos relevos, virando esse lado da caixa para si ele olha para Lilian:
    - Acho que a chave que precisamos está bem aqui.
    Haviam o que pareciam ser três pequenos botões da mesma cor que a caixa, forçando um pouco o detetive nota que os três botões tem um mecanismo de rotação, como nos cofres comuns:
    - Temos um problema aqui eu diria – Resmunga ele.
    - Não fazia ideia que meu pai tinha esse tipo de coisas, não faço a menor ideia de como resolver uma coisa dessas.
    Ao reparar na posição em que os botões se encontram o detetive tem uma reação de surpresa:
    - O papel – Diz eles pegando o celular.
    - Como assim?
    - Seu pai havia deixado uma carta quando fomos ver o que estava acontecendo naquele escritório improvisado, junto com ele havia uma coisa interessante, olhando assim posso dizer que tem o mesmo formato desses botões. – O detetive procura as fotos que havia pedido para Samantha tirar enquanto estavam no carro – Aqui está.







    - Está vendo, o mesmo formato, na carta estava dizendo que só quem passou por essas três fases conseguiria entender, acredito que cada botão se refere a um desses sentimentos.
    - Entendo, eu sei do que se trata isso – Diz Lilian dando um zoom na foto – São cadeias de Markov, meu pai era simplesmente fascinado por isso, dizia que era possível estatizar todos os cenários possíveis.
    - Sim, mas uma coisa aqui não faz sentido, esses cenários, cada seta indica a probabilidade de um estado passar para o outro ou simplesmente continuar nele mesmo, não consigo entender uma pessoa que tem a “perda” ter oitenta por cento de continuar com “perda”.
    - Se formos pensar dessa forma, acho que precisamos primeiramente de um ponto de partida, por qual deles iniciar, acredito que não devemos pensar diretamente no percentual, mas se considerarmos esses números como voltas que devemos dar em cada um dos botões da caixa. – Responde Lilian em tom de animação.
    - Bem espertinha você em – Os dois dão um tímido sorriso
    Em um flashback o detetive revê uma cena antiga da qual ele não gostava de lembrar, um acidente de carro, uma tragédia, sua família morta, sua impotência em não poder fazer nada para mudar o terrível fato, já se faziam anos do ocorrido, mas a cicatriz vez ou outra resolvia dar aquela pequena pontada, quando isso ocorria Adrian buscava em suas lembranças os momentos felizes, a despedida que lhe foi permitida em Shepared Falls, mas de toda forma aquela cicatriz insistia em incomodar as vezes:
    - Morte... – Disse ele em tom baixo.
    - Como assim? – pergunta Lilian.
    - Muitos podem pensar que a morte seria o último botão, pois pensando de maneira filosófica tudo acaba levando a morte seja como for, mas como David disse, somente quem passou por isso pode saber o sentimento, e todos os outros que estão ai são consequências da morte.
    - O que você diz faz sentido – Lilian agora sente a dor da cicatriz que ainda está aberta, a perda do pai nunca iria embora, seu velho nunca mais estaria ao seu lado.
    - Vamos rodar o botão que está na parte inferior na direção que a seta indica – Sugere o detetive.
    Ao fazerem isso a caixa emite um click, próximo ao botão surgem duas pequenas barras do mesmo material da caixa:
    - Dois caminhos, e acredito que se errarmos não vamos ter uma segunda chance – Adrian coloca a mão no queixo.
    - Acredito que logo após a morte vem a dor, a dor que não parece ter cura, a dor que toma conta e deixa nossos sentidos distantes, é como se uma bomba tivesse estourado próximo o suficiente para deixar aquele apito agudo no seu ouvido – Lilian diz com os olhos meio avermelhados.
    - Você estar certa, quando falamos de perda não é simplesmente da perda de alguém querido, mas sim no que ocorre após ela, quer dizer sobre a perda que podemos ter no decorrer de nossas vidas pela falta daquela pessoa – Conclui do detetive.
    Adrian então colocar o dedo sobre a barra da esquerda e a desliza com facilidade em direção ao botão superior esquerdo, mais um click, porem nada acontece:
    - Será que erramos – Pergunta a jovem de olhos azuis.
    - Acredito que não, quando deslizei a barra senti como se ele estivesse passando por pequenos dentes – Ele desliza a barra de volta para onde estava – Acho que o número indica o dente que devemos deixar a barra, parece um processo cirúrgico, digno de um doutor, acredito que você seja a mais indicada para isso.
    - Mas eu ainda não ....
    - Não se preocupe confio em você, aliás seu pai confiou em você, ele esperava que você fosse abrir a caixa, por isso mesmo deve ter feito tudo como fez.
    Adrian pega a mão de Lilian e coloca sobre a barra, a jovem se concentra e lentamente começa a deslizá-la, enquanto move a barra ela sente de maneira bem sutil como se pequenos dentes de uma engrenagem tocassem de maneira suave a barra, ela repousa a cabeça sobre a caixa, tentando manter o foco Lilian conta cada dente até chegar no número vinte e cinco, a dupla olha por um momento estaticamente a caixa, nada acontece:
    - É acho que estragamos o brinquedo o seu pai – Diz o detetive.
    Um click, a barra lentamente começa a entrar de volta para o interior da caixa até ficar nivelada e desaparecer:
    - Você é demais garota – Adrian dá um tapinha nas suas costas.
    Os dois continuam a seguir as ordens que estão no desenho feito por David,
    Ao girarem o botão que representava a dor mais duas barras aparecem, uma em direção a perda e outra em direção a morte:
    - Mais dois caminhos a seguir – Lilian observa a caixa.
    - Se formos seguir as cadeias de Markov e vermos todas as possibilidades, creio que devemos trilhar o caminho principal e depois partir para os alternativos – Adrian aponta para a barra que leva ao botão da perda.
    Lilian faz o mesmo processo de empurrar a barra cuidadosamente até passar pela quantidade de dentes como estava no desenho feito por seu pai, mais alguns segundos e o mesmo efeito, a barra desce vagarosamente até dar a impressão de que nunca esteve lá.
    Enquanto Lilian continua o processo Adrian começar a imaginar o que poderia ter acontecido para que David pensasse em uma espécie de puzzle que envolvesse tais emoções, a jovem havia falado sobre a perda da mãe, o quão trágico aquilo poderia ter sido para David, o quanto o marcara, essa era uma pergunta que Adrian sabia a resposta mas preferia simplesmente seguir em frente agora:
    - Consegui – Diz Lilian finalmente abrindo a caixa.
    - E o que temos ai? – Diz o detetive mostrando curiosidade.
    - Isso é ... – A jovem pega em suas mãos – Um livro!
    - Sinceramente esperava algo mais, mas com certeza isso deve ter todas as respostas que precisamos – Adrian coloca a mão no bolso – O celular está tocando.
    Ao ver olhar para a tela do celular o detetive muda sua expressão, era uma mensagem de Samantha, “Ajuda”:
    - Precisamos ir, os outros dois precisam de nossa ajuda.
    Ao dizer isso Lilian pega o livro e fecha a caixa, corre e a coloca de volta no armário, Adrian liga o GPS do aparelho para encontrar a localização de Samantha, ao tentar telefonar para a menina o celular simplesmente fica mudo, “Estamos a caminho”, o detetive digita rapidamente, algo ruim está prestes a acontecer, a pontada que sentira anteriormente era com toda certeza um aviso, ao passarem pela pesada porta Beatriz os estava esperando:
    - Vocês demoraram em, eu estava quase indo ver se estavam bem – Diz ela com um sorriso totalmente genérico e forçado.
    - Sabe como que é ne moça, essas coisas de família são complicadas, mas já pegamos o que precisávamos, se nos dá licença... – A atendente interrompe.
    - Claro, claro, mas precisamos colocar no sistema a retirada do item em questão se não se importa.
    Adrian faz um gesto como se quisesse dizer um monte de desculpas ou simplesmente mandar aquela mulher se danar e sair correndo, Samantha estava em perigo, Lilian lhe faz o olhar “Não vá causar problemas agora”, e isso era tudo do que eles não precisavam, estavam tentando se manter discretos, porem como sempre algo havida dado errado, sem alternativa o detetive respira fundo e se prepara para uma chatice burocrática.











    Enquanto Lilian preenche as papeladas o detetive olha exaustivamente para o vidro do prédio que dá com a rua, seu coração está disparado, mesmo que Samantha estivesse com Gregory que com toda certeza iria dar um bom trabalho para qualquer marmanjo que tentasse fazer algo com a sua pequena moça de olhos verdes, simplesmente ele não conseguia confiar em mais ninguém além dele mesmo para essa função, e se por acaso acontecesse o mesmo episódio que no hotel de Valentin, e se pessoas inocentes acabasse se ferindo, se algo acontece a ela, nunca iria conseguir se perdoar por isso.
    Lilian finalmente termina todo o chato processo, ambos saem em disparada pela porta deixando a atendente com cara de confusão, ao cruzarem a porta os dois se deparam com uma cena assustadora:
    - O céu! – Aponta a jovem – o que está acontecendo.
    O detetive pega o seu celular, duas da tarde, o céu está completamente cinza, as nuvens tem um formato denso e trovões correm entra elas de uma extremidade a outra, toda a sua extensão parece caminhar para um único lugar formando um pequeno redemoinho – Estamos com sérios problemas – Pensa Adrian:
    - Não temos tempo a perder – Diz o detetive se preparando para correr.
    - Onde pensam que vão – Uma voz sussurra por trás da dupla.
    Ao se virarem eles percebem a origem da voz.
    Uma mulher de longos cabelos e pele branca os observa, sua boca tem um tom avermelhado, seus olhos são escuros como a noite, com a aparência é de uma jovem de pelo menos vinte e um anos, sua calça jeans e sua blusa de couro dão um tom de rebeldia enquanto seus óculos mostram uma certa intelectualidade:
    - Temos muito o que conversar!




Capitulo 16

Justiça

    Enquanto Adrian e Lilian seguiam em direção ao banco para tentar achar alguma resposta que David poderia ter deixado para sua filha, Gregory e Samantha estavam seguindo para a parte norte da cidade, se tudo desse certo em cerca de algumas horas todos estariam reunidos de novo, com informações preciosas e um belo aparato para lidar com qualquer demônio que possa aparecer no caminho:
    - Espero que eles fiquem bem – Comenta o rapaz com Samantha.
    - Eles vão ficar, Adrian é bem grandinho sabe se virar bem – Responde ela.
    A parte da cidade para onde eles caminham é um tanto diferente da qual o detetive havia ido, as ruas são bem movimentadas, diversas lojas com luzes piscantes e uma porção de gente falando ao mesmo tempo, diversos sons dos mais variados, desde de músicas animadas a barulhos de bugigangas eletrônicas:
    - Isso é bem desconfortável – Diz Gregory incomodado.
    - Relaxa cara, o pessoal aqui está apenas tentando chamar a atenção para vender suas coisas, mas me diz ai o que tem entre você e Lilian?
    - Eu não sei explicar ao certo, desde de quando acordei não lembro de nada do que possa ter acontecido anteriormente, ela sempre esteve nos meus sonhos, sinto que tenho de protege-la a todo custo.
    - Acredita que ela possa estar ligada com o seu passado?
    - É a única coisa que consigo pensar, meus sonhos, a sensação que sinto quando estou próximo a ela, apesar de tudo sinto como se sempre a estivesse observando.
    - Será que você é algum maluco bisbilhoteiros – Samantha ri.
    - De forma alguma – Diz Gregory corado e gaguejando.
    Enquanto conversam a dupla acaba esbarrando vez ou outra em alguém, a movimentação constante das pessoas deixam a mente do rapaz confusa, tontura:
    - Preciso de um lugar mais calmo – Diz eles enquanto segue Samantha.
    Ao olhar para o rapaz ela entende suas palavras, sua pele está branca e sua testa suada:
    - Tem um lugar um pouco mais tranquilo ali na frente, só não vai desmaiar aqui que eu não vou conseguir te levantar em.
    Gregory se guia apenas pela voz da garota, sua vista está turva, novamente aquela sensação ruim que teve quando estava com Lilian, a movimentação das pessoas e aquela barulheira toda pioravam ainda mais a situação -  Por aqui – Ele escuta a voz de Samantha, os dois entram em um beco mau cheiroso onde ficavam apenas alguns mendigos mexendo em latas de lixo jogadas por todo o lugar.
    Apoiando sua mão no primeiro muro a vista, sente como se sua cabeça estivesse dentro de um liquidificador, sua mente está totalmente fora da realidade, lhe vem a imagem de Lilian, mas não de lembranças recentes, ele a vê junto com seu pai, as aulas da faculdade, algumas discussões, de uma forma inesperada a visão da garota toma distancia de uma maneira extremamente rápida, sentasse como se seu corpo estivesse muito distante da terra, uma leveza acolhedora, a paz tomava conta do seu coração – Onde estou? – Perguntava a si mesmo, aquelas memorias seriam suas?
    Seus pensamentos são interrompidos por uma voz muito baixa – Gregory – A paz que sentia dá lugar a um terrível frio na barriga, sente-se como se fosse despencar a qualquer momento, a voz agora se torna mais nítida, é a voz de Samantha lhe chamando, um vento forte e quente sopra sobre seu rosto, estava caindo, o chão estava próximo e com toda certeza aquela queda o levaria a morte:
    - Nãoooo – Grita ele.
    Sua visão fica distorcida novamente, porem ao invés da cena da queda agora Gregory começa a vislumbrar o pequeno corredor, os olhos verdes de Samantha o fitam com preocupação:
    - Ei cara, você está bem, ficar gritando assim vai chamar a atenção de todo mundo.
    Finalmente ele havia voltado a realidade, porque estava tendo aqueles tipos de visões ele não conseguia entender, como era possível ter visões de Lilian antes mesmo de a conhecer, estava confuso, novamente nenhuma coisa que o pudesse ajudar de verdade:
    - Eu estou bem, foi um mal estar – Diz ele tentando tranquilizar a garota.
    - Sei, você é um cara estranho, nada que vim de você vai ser só um mal estar, tenho certeza disso, pode contar o que aconteceu.
    Enquanto Gregory se recupera ele explica para ela das visões e que aquilo não era a primeira vez que acontecia tal fato:
    - Talvez seja sua mente tentando recordar de alguma coisa, e isso faz você ficar desse jeito.
    - Não sei dizer, mas estou com um mal pressentimento, e da última vez que isso aconteceu eu e Lilian fomos atacados por vampiros – Diz ele enquanto coloca a mão no peito.
    - Então vamos fazer o que temos de fazer e dar logo o fora daqui.










    Depois que as coisas voltaram ao normal, Samantha guiava Gregory pela multidão:
    - Não entendo, acha mesmo que vai encontrar alguma coisa de útil no meio dessa bagunça toda? – Pergunta ele.
    - Se você procurar no lugar certo – Diz ela.
    Em meio à multidão alguns hippies com seus dreads longos vendem colares e anéis no meio da calçada, despreocupados eles simplesmente conversão enquanto deixam suas mercadorias a amostra, Samantha chega em frente a um desses vendedores, um homem de longa barba branca, seu cabelo lembra um emaranhado de arames, não seria nenhuma surpresa se algum passarinho decidisse fazer um ninho na cabeça daquele velho homem:
    - No que posso ajudar vocês – Diz ele com um sorriso amarelado.
    A garota de olhos verdes tira um pedaço de papel da mochila, nesse contém uma lista que vão de pedras exotéricas até um tipo esquisito de cordas:
    - Ache que esse cara tem tudo o que precisamos? – Pergunta o forte rapaz.
    - Grande parte sim, vamos ter que improvisar com o que tivermos.
    Após pegar todas as coisas ela colocar todas as “tralhas” em sua bolsa, era hora de avisar Adrian que tinham conseguido pegar pelo menos uma parte das coisas:
    - Como você sabe de todas essas coisas? – Questiona o rapaz.
    - Adrian sempre notou que eu era diferente das outras pessoas, que eu gostava de coisas diferentes, então quando era criança ele trouxe um monte de livros para mim, ele dizia que toda ficção tem um certo teor de verdade, sempre que possível ele me trazia nesse lugar, adorava vir aqui quando criança, era nosso programa preferido, depois tomávamos um sorvete e íamos para casa com um monte de coisas velhas – Seus olhos brilham.
    - Você realmente o vê como um pai não é?
    - Ele salvou a minha vida, devo muito a ele, acho que ele é mais que um pai assim dizendo, é meu melhor amigo.
    - Quando tudo isso acabar espero que vocês possam levar a vida de vocês como antes.
    - Eu também queria isso – Diz Samantha, mesmo sabendo que a vida deles nunca mais seria a mesma, depois do ocorrido no hotel, aquele incidente havia mudado muita coisa, as palavras do demônio que tinha possuído Lilian, estava se sentindo uma bomba relógio que poderia explodir a qualquer momento – Também queria – repete ela.
    A dupla está prestes a voltar para o lugar combinado, estava tudo dando certo no final das contas:
    - Não acredito! – Diz Samantha apontado para o meio da multidão.
    Quando Gregory olha para o lugar ele entende o porquê da surpresa da garota, o grandalhão, aquele mesmo que quase os derrubaram do helicóptero os encarava com um sorriso metálico, não estava mais usando seus óculos escuros, seus olhos faiscavam, uma mistura de desejo e ódio, seu terno como de costume parecia querer se partir em retalhos por causa dos seus músculos:
    - Droga isso é muito ruim, vamos temos de correr – Diz a menina puxando Gregory pelo braço.
    - Você sabe bem como escapamos da outra vez, acha mesmo que vamos ter chance? – Diz o rapaz imóvel.
    - Melhor tentar do que morrer aqui!
    Os dois saem em disparada, comparado ao que ele fez da última vez, ambos sabiam que não teriam a mínima chance, afinal ele havia explodido a cabeça de um cara com um único soco.
    Sem muitas opções Gregory segue Samantha entre os comerciantes, pelo menos uns três xingavam com muita raiva por terem suas mercadorias derrubadas.
    Por incrível que parecesse as outras pessoas pareciam não ver um grandalhão com mais de dois metros de altura perseguindo uma garotinha.
    Enquanto corriam Samantha tentava mandar um recado para Adrian, um pedido de socorro, mesmo que talvez o detetive não pudesse fazer nada tinha de contar que ele tivesse uma carta na manga.
    - Eu tenho uma ideia – Grita ela enquanto corre.
    - Qual a chance de isso dar certo? – Pergunta Gregory ofegante.
    - Quase nenhuma.
    - Ótimo
    O mostro truculento simplesmente arremessava as pessoas como papel quando tinham a infelicidade de trombar no seu caminho, mesmo assim todas as outras pareciam estar numa espécie de transe, como se tudo aquilo não estivesse acontecendo.
    Samantha pega um outro caminho, menos eficiente para fuga, o que o deixa Gregory preocupado, talvez ela estivesse com tanto medo que não estivesse raciocinando direito, eles passavam agora por uma espécie de feira livre, a garota pegava alguns vegetais enquanto passava pelas barracas, furiosos todos gritavam a chamando de ladra.
    O rapaz simplesmente não conseguia entender nada do que ela estava fazendo, escolha, não tinha nenhuma simplesmente restava confiar que quiabos e aboboras poderiam derrotas um demônio gigante.
    Passando por mais algumas barracas Samantha pega um vaso e joga para Gregory que quase o deixa cair:
    - Não perca isso por nada – Grita ela.
    O demônio furioso simplesmente passa derrubando tudo que cruza o seu caminho, enquanto corre e urra ele grita algumas palavras das quais não fazem nenhum sentido, mas com certeza não se tratavam de elogios.
    Dando a volta agora dupla volta para o beco onde estavam:
    - Perfeito – diz ela – enquanto toma uma garrafa de cachaça de um mendigo.
    - Estamos em um beco sem saída menina, desse jeito vamos morrer – Grita o rapaz tentando fazer a menina para de agir como se estivesse desesperada demais para pensar.
    - Preciso de apenas alguns minutos – Diz ela.
    - Como se tivéssemos segundos – Responde ele encarando o grandalhão que ria enquanto caminhava pelo estreito corredor.
    Lá estavam eles encurralados enquanto Samantha jogava todos os legumes e a bebida dentro do vazo e procurava desesperadamente alguma coisa na sua bolsa:
    - Eu vou segurar ele – Diz o rapaz sem muita confiança.
    - Você está louco, venha aqui agora.
    - Deixa ele comigo!
    Gregory caminha na direção do grandalhão, o demônio não parece mais ter pressa, havia percebido que suas presas estavam sem saída, queria aproveitar a vingança o máximo possível.
    O rapaz agora encara o demônio, suas pernas bambeiam, sabia que bastava um soco para ser praticamente desintegrado por aquela coisa, a pele do demônio estava vermelha e suada, suas veias iriam explodir a qualquer momento, Gregory estava tentando de toda forma ganhar o tempo pedido para que a menina colocasse qualquer plano doido que fosse fazer em pratica.
    Seu corpo todo tremia agora, o demônio estava se preparando para desferir um golpe, o único com certeza que precisaria, em meio à onda de sentimentos o rapaz sente uma pontada forte no peito, estaria tendo um ataque cardíaco, a mão enorme no grandalhão vinha em direção ao seu rosto, tinha algo estranho naquilo tudo, a dor se transforma em um fogo que toma conta de todo o seu corpo.
    Um soco certeiro, um estrondo ecoa por todo o lugar, Samantha olha assustada e não acredita na cena que vê, Gregory consegue conter o ataque do demônio gigante, mas como aquilo era possível, ela tinha presenciado da pior forma possível do que aquela criatura era capaz de fazer, não havia tempo a perder, ela tinha de continuar com que estava fazendo.
    O demônio parecia confuso com a situação, mas não tanto quanto o rapaz, quando o fogo tomou conta de seu corpo ele sentiu como se tivesse uma força descomunal, sentiu confiança, que era capaz.
    Com um forte impulso ele parte para cima do demônio e lhe acerta um soco no rosto que o faz cambalear para traz, isso o irrita grandemente, correndo desenfreadamente o demônio tenta agarrar o pescoço de Gregory, com a intenção de aperta-lo até que a cabeça do rapaz pulasse para fora do corpo, porem o jovem é mais rápido e desfere mais um soco em seu estomago, que o deixa sem ar, algo estranho estava acontecendo, não havia tempo para entender muita coisa, apenas que tinha de aproveitar a oportunidade, pulando para cima da criatura Gregory começa de desferir uma sequência de socos, o rosto do demônio começa a sangrar, os olhos estão mais flamejantes do que nunca, um urro faz com que todas as estruturas estremeçam.
    Um gancho certeiro acerta o queixo de Gregory que voa a uns dois metros de distância, era a hora da investida do demônio, ele salta para cima do adversário e o puxa por seus cabelos, desfere um soco em seu rosto, esse que vem seguido de mais um e mais outro, uma baba junto com sangue escorre da boca do demônio enquanto ele massacra Gregory, estava realmente apreciando aquilo:
    - Finalmente consegui - diz Samantha.
    - Eu te invoco espirito de justiça – Diz ela enquanto acende um fosforo e joga dentro da vaso com todas as coisas que ela havia pegado anteriormente.
    Ao fazer isso as nuvens no céu começam a ficar com um tom acinzentado, trovões extensos cortam as nuvens, em poucos segundos, um pequeno redemoinho começa a se formar no lugar onde o vazo estava, mais trovões.
Gregory estava muito machucado, o demônio não iria parar até que o rapaz se tornasse apenas uma massa irreconhecível de carne.
    Uma fumaça escura começa a surgir do chão em volta do vazo, uma silhueta escura e grande forma uma sombra que cobre praticamente Samantha por inteira, nas mãos da silhueta dois aparatos parecem reluzir como feitos de ouro:
    - Quem me chamou? – Questiona a sombra.
    - Eu! - Diz Samantha com firmeza.
    - Você é apenas uma menininha, porque me chamou? Do que precisa?
    - Justiça! – Responde ela.

                                                                                                                         Continua ...

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