quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Enjaulada (PET)

"Eu pensava que eu era única assim. Desde criança eu soube que se alguém descobrisse, minha família, meus amigos, se soubesse o que eu era de verdade, saíram correndo.
 Então você aprende a se misturar, a fingir, e depois de um tempo você nem percebe o quanto é solitária.
Mas aí aparece alguém assim, alguém como você, mesmo que ele não saiba disso ainda. Então de repente você começa a pensar, "talvez não precise ser assim, talvez eu não precise ser sozinha".
 Então você larga corda porque essa pessoa não vai deixar você cair, vai pegar você. Você sabe disso, pelo menos é o que você diz para si mesma até desmoronar."

sábado, 21 de janeiro de 2017

Alma dança num bizarro terror

Minha alma ja esta condenada,
eu posso sentir ela queimando no inferno,
dor que nao se vai,
descanso que nunca vem.

A agonia se faz grande demais para o domingo,
se estende agora pelo sabado afora.

Ate onde voce se acha capaz
de julgar alguem que foi testado
ate seu limite extremo?

By Eu

Oportunidades perdidas!!!

E por deixar as oportunidades passarem restou -me a ilusão de que realmente um dia conseguiria .
Toda via não esperava mas o sentimento que em mim vês dominou o meu ser e de tempos em tempos me perco em mim mesmo ... Recorro as minhas memórias mas minha mente é só confusão e me agarro a mais esta oportunidade na vá esperança de me erguer novamente do chão!!!
Desperto de um longo e taciturno pesadelo então mas que vejo é que sonhos não o era mas pesadelo então do qual não pude acordar apenas sonâmbulo passando pela vida como marionete do destino a vagar perambulando pela vida sem mesmo de que estou vivo conta me dar ...
Jshynaider

A um passarinho

A UM PASSARINHO
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?...
Não, não irei analisar novamente esse poema, esse é mais um desabafo.
Como já contei anteriormente, moro em um condomínio com muitas árvores, pássaros, peixes, animais - nada de animais muito selvagens não, mais do tipo pequenos que moram no Mato.
É tudo muito bom, tudo muito bonito, só que não. Não que não seja ótimo sentar à beira de um açude - lago, afff - e ficar olhando os patos nadando com seus filhotes, isso é demais.
Até com os grilos e as cigarras a noite eu já me acostumei. Depois de um tempo a cantoria deles passa a ser um mantra essencial para se pegar no sono.
O próprio canto dos pássaros pela manhã é um belo despertador, você ouve, relaxa e volta a dormir.
Sou de dormir pouco, acordar cedo, principiante durante a semana. O problema está nos fins de semana. Sempre acabo ficando até mais tarde assistindo algum filme ou seriado, e consequentemente durmo até um pouco mais tarde - nem tão mais tarde. Digo, dormia.
Vamos direto ao ponto, ao lado da janela do meu quarto tem uma árvore, e consequentemente muitos passarinhos ficam nela, até aí tudo bem. O problema reside num pequeno pardal que encarnou na minha janela. Desde o primeiro dia que foi colocado o vidro ele se aproxima, se olha, vira a cabeça para um lado, vira para o outro e bica, e bica, e bica... Sem fim, ele não pára, ele não tem limites.
Eu já cheguei ao ponto de encher de tapumes na janela. Quem pensa que isso é o suficiente, está enganado, ele acha um fresta, o maldito do narcisista tá tão apaixonado pela própria imagem que não encontra limites pra chegar a si mesmo e bicar. Se fosse durante o dia tudo bem, se me acordasse as 8h tudo bem. Mas as 6h todo santo dia, é enlouquecedor.
Já rezei um terço, fiz pacto com o demônio, até com o próprio passarinho, prometi a ele uma porção de alpiste por dia, insetos, ameacei de tacar fogo nele, na árvore; mas não adianta, a paixão dele pela própria imagem é mais forte que tudo.
Sendo assim, estou aqui pra informar que, se alguém precisar falar comigo e tiver medo de me acordar porque é muito cedo, pode ficar tranquilo, o passarinho apaixonado já me despertou e continuará me despertando.

Por PedroGM
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A Espera

Praticamente toda manhã eu saio para caminhar no condomínio em que moro, uma condição necessária que define se meu dia será produtivo ou não, se terei disciplina para fazer tudo o que preciso ou não.
Faço de três a quatro quilômetros, o que equivale a uma volta completa pelo lugar. O condomínio é cercado de muito verde, tem 14 açudes - o povo de lá quer ser chic e chama de lagos, parece ser mais pomposo, eu sou colono e chamo de açude mesmo -  há trilhas embaixo de árvores; enfim, muita natureza a se apreciar.
Todo esse meu trajeto demora mais ou menos meia hora, sendo objetivo, intercalando entre caminhadas e corridas, com a finalidade de fazer o melhor tempo possível.
Hoje fiz um pouco diferente, percebi que na divisa do condomínio há um córrego - ou sanguinha, para colonos como eu - resolvi "perder" um pouco de tempo e parar para apreciar. O barulho da água, o ar mais gelado que cerca o lugar, os pequenos peixes nadando despreocupados contra a pequena correnteza.
Que baita momento, é a tranquilidade que nos invade, nos lembra que precisamos desacelerar, curtir o momento, não deixar a vida passar no automático.
Precisamos parar, esvaziar nossas cabeças e prestar atenção na vida que acontece ao nosso redor, e como acontece vida ao nosso redor!
Cheguei em casa, pulei um pouco de corda, tomei um banho, pensei comigo mesmo, hoje vou me manter zen, vou deixar os problemas do trabalho de lado, fazer só o essencial.
E aí entra o momento em que escrevo essa pequena reflexão.
Primeiro problema. Não precisaria vir ao centro hoje, então, recebi uma ligação e tive que vir. Sem problemas, acho que em trinta minutinhos resolvo. Cheguei a justiça federal, "estranho, tá tão vazio".
Como pode alguém que estava tão zen pela manhã não conseguir suportar esperar uma hora. Isso mesmo, cheguei meio dia aqui e descobri que só abre a uma hora.
Aqui estou, cansado, impaciente, com uma sensação de quem está deixando a vida passar sem sequer fazer nada contra isso.
Mas sinto que sobreviverei, afinal, já se passaram 20 minutos, só falta mais 40.
Por PedroGM
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Paralisia do Sono


Abri os olhos... ainda era madrugada...senti um vento gelado soprando em meu rosto...meu corpo todo estremeceu...o quarto estava escuro demais...senti alguma coisa cair pesadamente sobre meu peito me fazendo deixar de respirar por alguns instantes...

Arregalei os olhos na tentativa de ver o que era... estava embaixo do lençol e eu sentia a coisa se mover na direção dos meus pés.  Através do toque na pele era impossível descrever o que poderia ser, mas o medo criava em minha mente criaturas cada vez mais assustadoras.

O que quer que fosse, tinha garras pontudas que arranhavam minha pernas... quando chegou na ponta dos meus dedos, já não as senti mais. De certa forma respirei um pouco aliviada. Quis acreditar que era só minha imaginação fértil me pregando peças. Que nada daquilo era real.

O silencio reinava no quarto e eu achei melhor fechar os olhos e voltar a dormir.

Sabe quando você senti que tem alguém te olhando e aquilo começa a incomodar muito?...abri os olhos e meu coração quase parou...estava de pé na porta entreaberta do quarto, sendo iluminada pela fresta de luz que vazava do corredor...alta, muito alta, magra, quase esquelética...uma criatura que pouco se assemelhava a um ser humano, estava escuro demais para ver sua face, coberta por uma camada de liquido preto que pingava de todo seu corpo...emitia um som agudo que feria os meus ouvidos...estava olhando fixamente para mim...o arrepio no meu corpo aumentava d uma maneira que eu podia me sentir tremendo feito vara verde embora estivesse totalmente parada...a coisa deu um passo na direção da minha cama e a terrível sensação de esta presa na cama me deixou totalmente agoniada.

Eu queria acreditar que não era real, que era só mais um sonho assustador, que eu ia acordar suada, assustada, mas a salvo, fechei os olhos e tentei relaxar, respirar fundo, mas aquele olhar fixo em mim fazia meu coração disparar a ponto de senti-lo subindo pela garganta.

Não consegui, abri os olhos desejando que a coisa não estivesse lá, mas estava, no mesmo lugar, de pé, pingando aquela gosma preta; naquele momento, meus olhos pareciam estar colados naquela criatura medonha, observando em agonia cada um dos movimentos dela. Fazia poucos movimentos com a cabeça e continuava a me olhar e de repente, apontou para a minha cabeceira, só meus olhos se moveram para ver o que ela tentava me mostrar... uma cabeça grande e muito branca, com olhos enormes e pretos, sem nariz e uma boca arreganhada , se curvava sobre a minha, restos de cabelos desciam pela testa, a face completamente desfigurada, carne queimada, tentei gritar, mas nem mesmo minha boca abriu. Maldita paralisia do sono, como amaldiçoei isto naquele momento. A coisa, debruçada sobre mim, estendeu os braços com galhos no lugar das mãos, galhos de arvore mortos, em direção de minha boca... forçou para que eu abrisse e não encontrando muita ou nenhuma resistência, teve êxito...juntei todo ar dos meus pulmões com toda a agonia e medo que eu estava sentindo e forcei um grito que não saiu. Tentei mover meus braços e pernas que não saíram nem um centímetro do lugar.

Estava lá... imóvel...indefesa..de boca aberta...aquela criatura, saída do inferno, abriu a boca e começou a vomitar agulhas, galhos, pedras, lama, penas, folhas, terra, que desciam pela minha garganta cortando, rasgando, eu podia sentir o gosto do meu próprio sangue. Comecei a sufocar, e nem assim meu estomago fazendo algum movimento, eu pedia por socorro em silencio, desejando que algum dos meus músculos respondesse, nem que com um simples espasmo forte suficiente para conseguir acordar minha irmã que com certeza dormia da cama ao lado. Mas nada acontecia... o gosto nauseante de cada coisa nojenta que eu esta endo forçada a engolir...o frio que ficava quente tomando conta do meu corpo...senti meu corpo congelando e depois como se estivesse deitada em brasas. A boca babava na minha quando acabou de colocar pra fora tudo que tinha, ate suas ultimas entranhas... a criatura que ficava imóvel ao pé da porta assistindo toda aquela tortura, agora caminhava rápido para mim, chegou perto e antes que eu pudesse prever algum movimento ela cravou as garras na minha barriga e nesse momento o grito saiu como um trovão. Fechei os olhos de tanta dor. Duas mãos agarraram meus ombros e me sacudiam na cama enquanto parecia que minhas mãos e meus pés estavam presos na cama.

Abri os olhos e lá estava minha irmã me sacudindo e gritando meu nome. A luz estava acessa, recuperei meus movimentos, olhei para os lados, não tinha nada na cabeceira, a porta estava fechada e não havia nenhum liquido preto no chão que pudesse comprovar a presença da coisa no meu quarto. 
Respirei fundo, abracei minha irmã... ela voltou para a cama dela e eu dormi o resto na noite com o abajur acesso...

Acordei com o barulho do despertador, estava muito enjoada, a áncia de vomito me fez jogar as cobertas no chão e correr para o banheiro...vomitei apenas uma baba que parecia encher meu todo meu estomago...quando tirei a camiseta para tomar banho...os arranhões de 3 garras estavam bem fortes marcando minha barriga... 

by Bel

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Rag'n'Bone Man - Human

Humano

Talvez eu seja tolo, talvez eu seja cego
Pensando que posso ver através disto
E ver o que está por trás
Não tenho como provar isso então talvez eu seja cego

Mas eu sou apenas humano, afinal
Eu sou apenas humano, afinal
Não coloque sua culpa em mim


Dê uma olhada no espelho
E o que você vê
Você vê isso mais claro
Ou você está enganado no que acredita

Porque eu sou apenas humano, afinal
Você é apenas humano, afinal
Não coloque a culpa e mim
Não coloque sua culpa em mim

Algumas pessoas têm problemas reais
Algumas pessoas sem sorte
Algumas pessoas acham que eu posso resolvê-las
Senhor acima do céu
Eu sou apenas humano, afinal
Eu sou apenas humano, afinal
Não coloque a culpa e mim
Não coloque a culpa e mim

Não pergunte a minha opinião
Não me peça para mentir
Então implore por perdão
Por fazer você chorar, fazer você chorar

Porque eu sou apenas humano, afinal
Eu sou apenas humano, afinal
Não coloque sua culpa em mim
Não coloque a culpa e mim

Algumas pessoas têm problemas reais
Algumas pessoas sem sorte
Algumas pessoas acham que eu posso resolvê-las
Senhor acima do céu
Eu sou apenas humano, afinal
Eu sou apenas humano, afinal

Não coloque a culpa e mim
Não coloque a culpa e mim
Eu sou apenas humano, eu cometo erros
Eu sou apenas humano, isso é o necessário
Para colocar a culpa em mim
Não coloque sua culpa em mim

Não sou profeta ou messias
Você deveria estar procurando por algum lugar mais elevado

Eu sou apenas humano, afinal
Eu sou apenas humano, afinal
Não coloque a culpa e mim
Não coloque a culpa e mim
Eu sou apenas humano, eu faço o que posso
Eu sou apenas um homem, eu faço o que posso
Não coloque a culpa e mim
Não coloque sua culpa em mim




Amores...


Amores!!!

Amo-te como se ama amores fugazes, segredos entre sombras velados em nossos olhares 
Coisas obscuras que leva-se oculta dentro da alma ...
Te amo como a promessa de uma semente que se não morrer jamais revelará sua essência 
Beleza de flores que sua vida não nos permite Admirar...
 Como a ti um dia retornar e a essência de ser o que jamais foi irei retomar 
Porque o tempo levou de mim assentia de te amar!!!
Jshynaider...

III Só mais um caso

O pequeno escrito a seguir é continuação deste 

I - Vem com a Chuva

E deste

II - Quem Sabe amanhã

III Só mais um caso

“Tonight I'm gonna have myself a real good time...I feel alive and the world I'll turn it inside out – yeah! I'm floating around in ecstasy… So don't stop me now don't stop me...'Cause I'm having a good time having a good time”
Maldito momento que coloquei minha música preferida como toque do celular, já a odeio – é o pensamento que vem antes mesmo de atender o telefone.
- Alô – falo com uma voz de sono após passar pela fase de negação e atender ao telefone.
- Vamos acordando aí que temos uma bomba explodindo no centro da cidade – Veio de uma voz familiar, bela, apesar de ter essa beleza totalmente abafada pelo momento inoportuno da ligação.
- Só pode tá de sacanagem comigo, já olhou lá fora? Eu mal consigo ver a calçada aqui da minha janela, maior chuva.
- Sinto muito, mas parece que assassinos tem sede de sangue até em noites como essa.
- Paciência, pelo menos essa tua voz sempre me dá um gaz extra.
- Então guarde essa energia toda e vá a casa nº 587, esquina da rua Rui Barbosa com a 31 de Maio, a perícia já tá lá.
- E qual é o caso?
- Só fui encarregada de te acordar, os detalhes tão te esperando lá.
- Beleza, mas quando chegar de volta a delegacia quero um café bem quente e tua companhia pra me aquecer.
- Vai sonhando – Ela nem termina de falar e deliga o telefone na minha cara.
- O que tem de bela tem de mal educada, nem se despediu – Eu sabia que estava falando sozinho, mas essa mulher sempre me tirava do estado normal.
***
Se da janela do quarto parecia que chovia muito, na rua estava impossível trafegar, pelo menos o trânsito era praticamente zero, dado o avançado da hora.
De longe avistei a luz dos sinalizadores das viaturas e não tive a menor dificuldade em localizar o palco do suposto crime. Ainda mais pela presença de inúmeras pessoas que já se aglomeravam estranhamente em baixo da chuva.
O povo não perdoa mesmo – penso comigo mesmo – Aposto que nem conhecem que morava nessa casa, e mesmo assim o mau tempo não é empecilho pra matarem a curiosidade, aposto que se tivessem que fazer qualquer outra coisa não fariam com a desculpa da chuva.
Era uma casa de esquina, com uma velha, porém bem cuidada cerca de madeira em volta. O primeiro piso era de alvenaria e o segundo de madeira, tão gastas quanto as madeiras da cerca, porém não tão cuidadas.
Atravessando o impecável jardim, desviando-me dos curiosos e mostrando minhas credenciais ao policial que fazia a contenção daqueles, cheguei aos degraus da entrada, onde já se encontrava o policial responsável.
- Finalmente chegou cara, la encima tá a maior bagunça, um banho de sangue, literalmente, o miserável que fez isso não poupou nem o cachorro.
- Poh Marcos, pra me chamar uma hora dessas, num tempo desses, a situação tem que tá ruim mesmo.
- Tu já vai mudar esse humor aí, vai ter muito com o que se divertir nos próximos dias.
Subimos as escadas, chegando no último lance e virando em direção ao corredor, já vi a mancha rubro brilhante que quase se fundia ao piso de madeira laminada perfeitamente encerado.
No banheiro, o banho de sangue era geral, porém o sangue se destacava mais ainda na cerâmica branca, mas o que mais chamava a atenção era o cão pendurado em suas próprias tripas e a frase no espelho, escrita a sangue, já escorrida, mas ainda compreensível, que dizia “Não só os cães que lambem, também posso lamber”.
- Que isso, um ritual satânico, que infeliz faria isso com um pobre animal? Isso no espelho é sangue mesmo? Perguntei.
- Cara, a princípio os peritos disseram que o sangue no espelho é do cão, mas o do chão parece estar misturado com sangue humano. De qualquer forma, é sangue demais para ser apenas de um cão desse tamanho. Interrogamos alguns vizinhos e eles disseram que aqui mora uma moça solteira, que raramente recebe visitas, apenas a veem cuidando do jardim e brincando com o cão nos fins de semana.
- E essa moça, onde está?
- Não sabemos, mas pela quantidade de sangue que tem nesse banheiro, ela não saiu bem daqui, senão ela, outra pessoa, mas o fato é que alguém sangrou muito.
- E como ficaram sabendo do ocorrido se ela morava sozinha?
- Parece que alguém ouviu um grito e ligou pra emergência, uma viatura que estava mais próxima veio até o local e encontrou a porta da frente aberta, perguntou por alguém, ninguém respondeu, então o policial deu de cara com essa bela cena.
- Já falou com a pessoa que ligou? Ela tá la embaixo?
- Ai que tá cara, não é ninguém lá de baixo, ou, pelo menos, ninguém teve coragem de se identificar, além disso a ligação foi anônima e bem vaga quanto a ocorrência.
- Você não tava de brincadeira mesmo, vou ter muito com o que me “divertir” - aspas com os dedos enquanto – peça pra perícia não deixar passar nada, lembra daquele caso né?
- Lembro sim, pode ficar tranquilo, serão minuciosos – responde o policial.
- Beleza, vou fazer algumas perguntas lá embaixo.
Realmente a chuva não era capaz de expulsar os curiosos. Felizmente aqueles que poderiam ser úteis às investigações já haviam sido triados, inclusive muitos já prestaram seus testemunhos, mas como não confiava em mais ninguém além de mim, parti pro retrabalho.
Após algumas conversas infrutíferas mirei uma senhora de mais ou menos uns 70 anos – pelo menos foi o que me pareceu – me aproximei:
- A senhora conhece a dona da casa? Perguntei
- Conheço de vista meu querido, moro na casa ali do lado. Uma moça muito bonita, mas sempre com um olhar tão triste, deve ser porque vive sozinha num lugar tão grande, esses jovens de hoje são muito solitários, eu acho que uma moça da idade dela já deveria estar casada…
- Ok, entendi – se não a cortasse ela teceria suas teorias sobre a juventude sem causa dos dias atuais a noite inteira – A senhora viu algo ou alguém suspeito pelas redondezas nesses últimos dias?
Eu já ia encerrar a inquirição quando vi sua expressão de que não se lembrava de nada anormal, quando:
- Eu acho que não meu bem. Espera, Hoje, pelo fim da tarde, um carro estacionou bem aqui em frente a minha casa, ficou aqui por muito tempo, até a hora que fui me recolher ele ainda estava aí. Não teria dado tanta atenção se já não tivesse o visto antes. Tenho certeza que não é a primeira vez que ele fica ali parado.
- A senhora viu quem estava no carro?
- Não vi não, e tenho a impressão que ele ficou ali dentro, não o vi sair, também não fiquei prestando muita atenção não, não sou esse tipo de vizinho enxerido que fica cuidando da vida dos outros…
Nossa como fala” - Pensei, então perguntei – Foi a Senhora que chamou a polícia? Vi que sua casa é a mais próxima.
- Não lindo, depois que tomo meu leite morno pra dormir não ouço mais nada, acordei depois que o barulho da multidão já era maior que o da chuva que caía.
- Muito obrigado, acho melhor a senhora se recolher agora.
- Espero ter sido útil meu querido.
Me dirigi até o policial encarregado e pedi para verificar com a prefeitura se haviam câmeras de segurança nas redondezas e em caso positivo me enviarem para análise das imagens. Essa história do carro pode ser promissora se não se tratar apenas de implicância de uma vizinha xereta.
Aqui meu trabalho estava terminado por ora.






segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A Busca

É incrível como algumas coisas insistem em desaparecer da nossa linha de alcance mesmo quando temos o maior cuidado com elas. Quando isso acontece nos viramos, reviramos e nada. Simplesmente como em um passe de mágica o objeto desaparece.

Eu toco violão - na verdade falar isso é quase que um desrespeito com quem realmente sabe tocar violão, porém a qualidade com que executo o instrumento não vem ao caso. Quem toca qualquer instrumento de corda que necessite de uma palheta sabe a dificuldade que existe em manter a posse de tal objeto por muito tempo. Simplesmente dizemos entre os músicos - não que eu realmente seja um - que existe um duende ladrão de palhetas. Você pode até colar ela em algum lugar, quando voltar para tocar, ela não estará lá.

Há muitos anos eu e um grande amigo éramos viciados em jogar Game boy color, mais especificamente Pokemon Cristal. Trata-se de um pequeno vídeo game de mão que necessita de um cartucho para executar o jogo. Um dia, quando já estávamos há meses no jogo, esse meu amigo me liga: “cara, pedi meu cartucho de Pokemon Cristal”, respondi imediatamente: “mas como tchê, porque você tiraria o cartucho do vídeo game? Ele simplesmente me disse que foi rever outro jogo por um breve tempo e o cartucho sumiu.

Após semanas de procura intensa por toda a casa, jardim e arredores, banheiro da escola, salas de aula, as buscas cessaram. Impossível, o cartucho se desmaterializou. Passaram mais algumas semanas, meu amigo cansou de chorar o leite derramado e comprou um novo cartucho, reiniciou o jogo, perdeu umas cem horas de progresso, porém a vida continuou.

Anos após esse incidente, numa faxina um pouco mais pesada, ele levantou o sofá da casa e sentiu algo chacoalhar lá dentro, fez um pequeno corte no forró do sofá e voilà. Em suas mãos estava o há muito esquecido.

Depois desse incidente e das diversas vezes que perdi o controle da TV, meu smartphone, minha carteira, cheguei à certeira conclusão, dessas que não se aprende nos livros ou nos filmes, apenas é trazida pela sólida experiência de uma pessoa em apuros: o espaço entre o braço do sofá e seu estofado é um vortex espaço/temporal capaz de sugar os mais diversos e improváveis objetos, fazendo com que se percam na eternidade.


Já ia me esquecendo, lembrem-se, pode ser que o objeto não tenha caído nesse buraco negro infernal e sem retorno, quem sabe o carregador perdido do seu celular só está atrás do sofá, não custa dar uma olhada lá antes de acusar terceiros de furto ou até de fazer buscas desenfreadas nos locais mais improváveis como, por exemplo, na casinha de seu cachorro. Agora, se caiu no vortex, esqueça, quem sabe daqui alguns anos ele cuspa de volta.

Por PedroGM

https://www.wattpad.com/myworks/71969908/write/356917182