Então aconteceu.
Cedo ou tarde
eu sabia que chegaríamos a esse momento, pois tudo tem o seu pico, o estase
máximo até que gradativamente as coisas vão se tornando vans e mornas ao ponto
de esfriarem como um corpo já disperso da sua alma.
Esse jogo nunca
foi limpo, não da minha parte pelo menos.
Mas mesmo assim
o gosto amargo fica na minha boca, um gosto que insiste em ficar encrustado
mesmo após cinco carteiras do cigarro mais vagabundo ou da bebida mais forte
que consegui encontrar enquanto andava e pensava sobre toda essa obscenidade
que vivemos.
Nas mãos de uma
prostituta barata eu tento encontrar um pouco do calor que me falta, por alguns
segundos eu vejo todos os momentos, deixo os entorpecentes fazerem seus devidos
efeitos, tomarem conta de mim, mas tudo se vai quando jogo o dinheiro em suas
mãos, seu olhar é de pena.
Essa terrível
mania de colocar o peso de tudo e todos sobre mim, de levar o impacto da bala
no lugar das pessoas, de sentir as dores que deveriam ser compartilhadas, tudo
para não ver ninguém sofrer, deixem comigo eu sou bom em lidar com essas
coisas.
O que resta
agora é escutar aquela velha música que me remete a esses momentos perdidos
junto com a minha dignidade, por um segundo eu ainda sinto meu corpo pulsar
pedindo por aquilo que não vou ter mais, entre todos os desvios seguir pelo seu
caminho foi o melhor mesmo que ainda no final das contas não fosse o certo a se
fazer.
Está na hora de
me reerguer do rio de lama, talvez a sujeira faça parte de mim afinal.
Amanhã é um
novo dia, um dia a mais que se passou e o sentimento oriundo continua a me
perseguir, me perseguindo até que um dia ele se esvaia mais uma vez.
Sacudirei a
poeira dos resto de você que ficou em mim e possivelmente embarcarei em mais
uma jornada, mais um desvio, mais um jogo sujo, sou bom em jogar e por um
momento estive com a vitória nas mãos.
Pena que dessa
vez ela se foi de uma forma tão dolorosa, não foi a primeira e dificilmente
será a última, mas vou trilhar novos caminhos, seguir a passos mancos sobre
essa estrada que não tem um fim determinado por nada que possamos enxergar, a
estrada da vida e eu sou um viajante a procura de novas aventuras e um bom colo
onde repousar.
Esse é o
caminho que decidi seguir o caminho que vai aumentar a minha carga de
arrependimento e de sofrimento, pouco me importa afinal, tudo para que a dor vá
embora de alguma forma.
Alguns se
escondem por trás de substancias, outros de palavras, eu apenas vou seguir em
frente e viver, por mais que isso custe alguns corações partidos.
Escrito por: Leonardo Paulino