Ainda ando perdido e confuso
com os meus pensamentos, algo que se tornou constante um pouco depois da adolescência,
sinto como se não estivesse mais aqui, como se a minha mente vivesse constantemente
em um outro lugar, as coisas a minha volta só se tornam lucidas quando as toco,
algum tipo de paranoia talvez, mas é o que sinto a todo instante.
Talvez tudo isso seja a
vontade do subconsciente de estar longe da realidade fatídica.
Minha vida sempre seguiu o roteiro
corriqueiro de uma outra qualquer, ser uma criança feliz, brincar, aproveitar a
fase na qual se é jovem para fazer algumas loucuras, a primeira bebedeira nós
nunca esquecemos não é verdade, fazer coisas idiotas das quais hoje sinto
vergonha, talvez uma besteira qualquer que poderia me fazer feliz naquela época,
era divertido, não existe arrependimentos, apenas vergonha.
O tempo passa e a minha cabeça
já não se encontrava mais em torno dos amigos ou qualquer coisa que seja,
pensamentos passando de forma descontroladas sem nenhuma emoção, apenas
pensamentos futuros.
O amor bate na porta e a decepção
vem em seguida, não é nada incomum ter amores secretos em sua vida, e esses
continuarem secretos até que simplesmente se vão, o tempo leva tudo.
Mas quando menos se espera
algumas vezes podemos ter esse amor correspondido, e dele alguma magoa e
tristeza, isso já se foi, não a magoas mais hoje.
A vida segue e você encontra
outras pessoas vive coisas realmente boas, está na hora de ser feliz e ter sua própria
família, isso é o que todos querem afinal, aqueles encontros aos finais de
semana, sejam eles com quem forem, lembrar daquelas coisas que te dão vergonha
agora, que você fez no passado e ri pela idiotice, uma vida comum.
Mas simplesmente algo impede o
meu caminhar para essa fase, é como se eu estivesse preso, estático, quando se
torna impossível seguir o degrau a cima.
Quando você encontra aquela
pessoa que acredita ser o seu companheiro para entrar nessa nova fase, mas isso
simplesmente não acontece, os empecilhos, as pancadas que você leva e te deixam
no chão sujo de terra, os pensamentos ainda estão distantes.
Não sei dizer o qual pode ser
a minha felicidade hoje em dia, se o que sinto é dor ou raiva por tudo, por
tudo mesmo.
Sempre me preocupei demais com
as pessoas, elas são muito gananciosas, se preocupam simplesmente com elas
mesmas, enquanto você sente as pancadas vindo de todos os lados, pois essas
pessoas só pesam em si mesmas, nas suas respectivas dores, mas não no que podem
causar a quem está no meio delas.
Segurei o rancor, guardei a
magoa de todas elas, chorei escondido para demostrar força, sorri com o coração
partido, escutei e vi o desprezo, fui humilhado, nos meus ouvidos ressoaram a
voz que dizia que simplesmente eu não deveria estar ali.
Mas eu sorri, eu disse que
estava tudo bem, que tudo iria dar certo, que estava feliz, quando na verdade
estava despedaçado por dentro, porque eu me importava e queria fazer tudo dar
certo.
Hoje meus pensamentos as vezes
tentam me levar as épocas felizes, quando a dor está grande demais para
suportar, e ninguém poderia entender, por mais que tentem nunca entenderam, o
corpo está bem mas a alma completamente despedaçada.
O fundo nunca é o final,
sempre se pode descer mais, se pode olhar ao redor e não ver mais nada, como
minha mente sempre tentou entender, não adianta simplesmente dizer que está
tudo bem quando não está.
Não consigo dar um passo à
frente por mais que tente, hoje com uma família despedaçada e um amor que está
sendo destruído cada vez mais com o tempo, apenas vejo o vazio do dia seguinte,
não é não ter ninguém é não ter com quem contar ou quem possa te entender.
A única coisa que queria nos
meus mais desesperados sonhos era a paz que procuro e tempos, a família sem as
brigas e as coisas de casa quebradas, sem as agressões, xingamentos, toda a dor
e choro de um lugar desestruturado, um pouco mais de amor, carinho, um abraço
que me fizesse sentir que se importa.
Queria por um momento fazer sentir
orgulho, que alguém visse tudo o que estou tentando fazer, todas as formas que
tentei dar o passo seguinte e fracassei, porque eu sempre queria aguentar toda
a carga, mas ninguém quis suportar a minha, não, simplesmente se importaram
mais com o seu bem estar com o que poderia ser bom para si, enquanto eu queria
o que era bom para elas e não pensava no que poderia ser bom para mim.
Isso tudo levou a momentos horríveis,
coisas que não podem ser desditas, uma dor que não pode ser curada, não hoje e
nem amanhã.
Eu simplesmente fui o que sou,
o que sei ser, aquilo que acreditava ser o meu melhor, mas não é o suficiente,
nunca é, elas sempre querem mais de você, tudo não passa de sua obrigação,
nenhum orgulho somente o dever.
Então para que se levantar
todas as manhãs e erguer a cabeça para mais um dia?
Porque eu ainda sonho,
acredito que essa dor um dia vai acabar, que eu terei alguém para olhar nos
olhos e sorrir, alguém para chamar de família, aquela que poderia me trazer a
felicidade que a tanto procuro, um motivo para seguir em frente, para dizer que
tudo valeu a pena, aquela que vai me abraçar e dizer que sente orgulho de mim
por tudo o que fiz, que eu falhei mas dei o melhor de mim, que entende a dor e
sabe lidar com ela.
Porque enquanto ainda houver alguém
que precise de você para sorrir vale a pena continuar se erguendo do chão,
mesmo machucado e sem rumo, sem nada e nem ninguém.
Esses pensamentos fora de
ordem podem ser apenas uma anestesia para a dor que não cessa.
Mas a esperança não pode
acabar, não quero deixar de sonhar, quero acreditar em dias melhores, quero
amar e ser amado, quero dizer que no fim tudo valeu a pena.
Vamos ser fortes !!!